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7/19/2011

O funeral - parte 2


Ontem postei a versão original da história da Gabi, agora vou postar a história toda modificada por mim, espero que gostem!


"A posta do velho armário de mogno gemeu alto de dor, quase um grito abafado em forma de rangido, quando a jovem moça ousou abri-la. Eram seis da manha e ela já estava de pé, incomodada e até um pouco irritada, vasculhando furiosamente seu velho armário á procura de um vestido qualquer para vestir no primeiro de muitos dias de outono que viriam pela frente.                                                                                       
O sol tímido ainda com esperanças de permanecer brilhando durante o melancólico dia do funeral, mas o máximo que lhe permitiram foram pequenos e frágeis raios ofuscantes que atravessavam as frestas da janela e ousavam se infiltrar no meio da trama da fina cortina, e todo esse esforço para acariciar as delicadas feições da jovem moça da era medieval.            
Por fim escolhera um longo e discreto vestido preto em protesto á morte de seu inigualável amigo, talvez até mais que um amigo, mas isso não vinha ao caso neste dia, foi decapitado por enfrentar os soldados e discordar do rei sobre o direito dos escravos terem direito á folgas nos domingos.                                                                                                                                                   
Ela veste então o vestido como o rosto banhado á lágrimas, desse as escadas tonta e quando finalmente chega ao termino de tal, se depara com seu falecido amigo no meio da sala de estar, ela sente frio na espinha e se locomove até o caixão e sente seus membros tremerem e seus órgãos não obedecerem mais aos seus comandos.                                                                   
Ela não morreu, depois de acordar do seu aparente desmaio, ela percebe que não foi só um simples desmaio, mas sim um súbito derrame e quando tenta se levantar da cama constata o que mais temia, ela estava impossibilitada de andar, estava paraplégica. E é ai que ela percebe o quanto seu amigo significava para ela, seu melhor amigo, seu amor tinha acabado de ser trancafiado em um caixão á mais de sete palmos do chão, e tudo isso por tentar melhorar a vida de outras pessoas, de pessoas desconhecidas na maioria, ela estava acabada, presa em uma cama para o resto da vida, dependendo dos criados para se movimentar, e ainda por cima sem seu companheiro, sem seu par para o baile inexistente.                                                              
O mundo é injusto, constatou ela, depois de ver sua vida desmoronar, como a cabeça de seu mais que amigo no dia anterior, depois de todos os acontecimentos ocorridos em menos de dois dias, para ela ter a convicta certeza de que o mundo não é justo, ou melhor, de que as pessoas que habitam ele não são justas." 


2 comentários:

  1. Não é justo, eu fiz apenas um pequeno páragrafo! haha Adorei ;)
    beijo!
    coffeesandmemories.blogspot.com

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  2. Oi! Adorei seu blog, sua história e todos os seus posts! De certa forma lembra o meu, pois como eu você escreve devaneios aleatórios...
    Vou passar sempre por aqui ^^ atéééé!

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